O que você precisa saber sobre o câncer de próstata

A próstata é uma pequena glândula presente somente nos homens, com a função de produzir o líquido que nutre os espermatozoides e compõe o sêmen. Esta glândula está localizada abaixo da bexiga, próxima a parte superior da uretra. Quando há o crescimento desordenado das células dessa glândula, tumores podem ser formados. Um tumor benigno não oferece riscos, mas se o tumor for maligno é chamado de câncer, e precisa de tratamento médico.

O câncer mais comum entre os homens

O câncer de próstata é o mais comum entre os homens em todo o mundo (cerca de 10% do total de casos de câncer). No Brasil é o segundo tipo de câncer mais comum nos homens (sendo o câncer de pele não melanoma o primeiro mais comum) e, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), corresponde a 29,2% dos tumores diagnosticados no sexo masculino.

Mas apesar da sua alta incidência, o câncer de próstata ainda é um tabu entre os homens, um assunto cercado de medos e preconceitos. Por isso, conhecer seus sintomas, fatores de risco e tratamentos é fundamental para reduzir as taxas de mortalidade e aumentar a expectativa de vida dos pacientes.

Fique atento aos sintomas!

Inicialmente, o câncer de próstata pode ser silencioso, sem nenhum sintoma aparente. Quando apresenta sintomas, os principais são: dificuldade de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes (durante o dia e à noite). Em estágios mais avançados, podem surgir dor óssea, outros sintomas urinários e insuficiência renal. Na presença de qualquer sintoma, é importante procurar o médico urologista, especialista no sistema reprodutor masculino.

Fatores de risco: quem tem mais chances de desenvolver o câncer de próstata?

O câncer é uma doença multifatorial (influenciada por diferentes condições como ambiente, genética, hábitos etc) mas os estudos demonstram que alguns fatores podem aumentar as chances de desenvolvimento do câncer de próstata. Dentre eles estão:

(1) Idade: Conhecidamente, quanto mais velho o homem, maiores as chances de surgimento do câncer de próstata. Somente no Brasil, a cada dez homens com câncer de próstata, nove estão acima dos 55 anos.

(2) Sobrepeso e obesidade: O excesso de peso tem sido associado a maior incidência do câncer de próstata avançado, devido às alterações hormonais e elevação de citocinas pró-inflamatórias comumente observadas nesses pacientes.

(3) Fatores genéticos: Estudos sugerem que alterações na expressão dos genes BRCA1, BRCA2 e ATM estão relacionadas ao surgimento precoce do câncer e com prognósticos mais complexos.

(4) Etnia: Homens afrodescendentes teriam mais riscos de apresentar câncer de próstata, contudo mais estudos ainda são necessários para compreender melhor essa correlação.

Resumo dos principais fatores de risco para o câncer de próstata. Fonte: A autora.

Como diagnosticar o câncer de próstata?

A detecção precoce é fundamental para garantir a qualidade de vida do paciente e definir o estágio da doença e a melhor opção de tratamento. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores as chances de cura da doença. Todos os homens a partir dos 50 anos devem fazer exames preventivos, pelo menos uma vez ao ano, ou de acordo com a recomendação do seu médico urologista. Caso o homem esteja em algum dos grupos de risco deve realizar exames já a partir dos 40 anos.

O primeiro exame a ser feito é o toque retal onde o médico, no próprio consultório, consegue palpar as partes posterior e lateral da próstata, identificando possíveis alterações no tamanho, forma ou textura da próstata. O toque retal é um exame simples, rápido e que não traz nenhuma consequência ou dano para o paciente.

Outro exame tradicionalmente indicado é o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico), uma proteína produzida pela próstata. Por meio de um exame de sangue é possível detectar se há aumento dos níveis de PSA, o que pode indicar a presença do câncer de próstata.

Contudo, nem todos os pacientes com câncer apresentam alterações de PSA, e algumas alterações nos níveis de PSA também podem ser observadas em outras doenças benignas como a hiperplasia da próstata. Por isso, o médico pode solicitar exames de imagem, como a ultrassonografia da próstata e a ressonância magnética multiparamétrica (RMmp), que são indolores e não invasivos.

A ultrassonografia da próstata avalia a próstata e também estruturas adjacentes (bexiga e as vesículas seminais) identificando possíveis cistos, inflamações, tumores ou traumas. A RMmp é ainda mais precisa que a ultrassonografia, detectando tumores bem pequenos, e sugerindo o estágio da doença (identifica se o tumor é agressivo, se está localizado somente na próstata etc). Dependendo do resultado dos exames de imagem, o médico pode indicar (ou não) a biópsia de próstata, um procedimento que fornece resultados ainda mais precisos.

A biópsia de próstata é um exame mais invasivo, que requer anestesia, onde pequenos fragmentos da próstata são removidos com auxílio de uma agulha. Esses fragmentos passam por uma análise histológica capaz de identificar se o tumor é benigno ou maligno, e indicar a classificação do tumor (grau de agressividade/malignidade), informação importante para compreender a taxa de crescimento e disseminação desse tumor. Até o momento, a biópsia de próstata é o principal exame para a detecção precisa do câncer.

Atualmente, a RioGen trabalha no desenvolvimento de um exame de urina para detectar precocemente o câncer de próstata, o que tornaria o diagnóstico mais rápido e simples, além de aumentar as chances de cura dos pacientes.

Para cada caso, um tratamento

O tratamento é específico para cada paciente. Alguns tumores tem crescimento lento e não oferecem riscos iminentes à saúde. Nesses casos, é feita uma vigilância ativa, ou seja, exames periódicos (a cada seis meses) para acompanhar o crescimento do tumor, mas sem a necessidade de cirurgias ou procedimentos invasivos.

Para os tumores com taxa de crescimento alta, e grandes chances de disseminação, diferentes possibilidades de tratamento (cirurgia para remoção da próstata, radioterapia, tratamento hormonal) podem ser usadas de forma isolada ou combinada.

De uma forma geral, se a doença estiver localizada, pode ser realizada a remoção cirúrgica do tumor, seguida ou não de radioterapia. Se a doença estiver localmente avançada, pode ser realizada a remoção cirúrgica do tumor combinada a um tratamento hormonal (hormonioterapia) ou empregada a radioterapia. E se o paciente apresentar metástase, o mais indicado é a terapia hormonal. Atualmente, a quimioterapia é mais usada quando o tratamento hormonal não é suficiente. Todas essas possibilidades de tratamento podem ser adaptadas de acordo com a idade e estado de saúde do paciente, o estágio da doença e os riscos e benefícios avaliados pelo médico. Cabe ao médico avaliar cada caso e indicar o tratamento mais apropriado para o paciente.

Existe prevenção para esse tipo de câncer?

Os estudos indicam que manter hábitos saudáveis, como uma boa alimentação (rica em frutas, verduras, legumes, e com menos gordura), prática de exercícios físicos, redução do consumo de álcool e ausência de fumo, são fatores que previnem não somente o câncer de próstata, mas também outros tipos de câncer.

Além disso, campanhas como o Novembro Azul visam divulgar informações sobre a doença e incentivar os homens a fazer os exames preventivos, tão importantes para o diagnóstico precoce.

Procure o médico urologista e faça exames regularmente para prevenir o câncer de próstata. Fonte: Adaptado de Canva

Falar sobre o câncer de próstata é necessário, bem como buscar novas formas de diagnóstico e tratamento que sejam mais eficazes e precisos. A RioGen se dedica às pesquisas para desenvolver um exame de urina para a detecção do câncer de próstata, realizando parcerias com hospitais referência no tratamento desta doença.

Continue acompanhando nossos conteúdos informativos e conheça nossos produtos e serviços voltados para o diagnóstico do câncer de próstata!

*O texto acima visa informar e estimular a prevenção do câncer de próstata e, de forma alguma, substitui a consulta médica ou a orientação do médico urologista.

Autora: Bruna Pereira Lopes - Pesquisadora (biologia molecular) na RioGen

Publicado em 30/11/2022

Referências

Claire H. Pernar, C H et al. The Epidemiology of Prostate Cancer. Cold Spring Harb Perspect Med, 2018. Disponível em< https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29311132/> Acesso em 23 de outubro de 2022.

INCA. Câncer de próstata. Instituto Nacional de Câncer, 2022. Disponível em <https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/prostata> Acesso em 23 de outubro de 2022.

INCA. Câncer de próstata: Vamos falar sobre isso? Ministério da Saúde, 2019. Disponível em <https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/cancer-de-prostata-vamos-falar-sobre-isso> Acesso em 23 de outubro de 2022.

Wang, G et al. Genetics and biology of prostate cancer. Review Genes Dev, 2018. Disponível em<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30181359/> Acesso em 23 de outubro de 2022.